Com o surgimento das leis de incentivo fiscal e o aumento do interesse não só do setor privado, mas também do poder público, em investir em projetos culturais, veio à tona uma grande carência de informações sobre como elaborar tais projetos e como colocá-los em prática. Para reverter essa situação, algumas instituições resolveram criar guias que mostram o passo a passo da construção de um projeto cultural.
O Guia SESI de Investimento Cultural é uma das iniciativas neste sentido. Produzido entre 2004 e 2005, e lançado em 2006, o Guia, hoje disponibilizado gratuitamente na internet, na verdade, nasceu de uma necessidade de sistematização da informação do próprio SESI. De acordo com a gerente da área de cultura do SESI, Cláudia Ramalho, “observamos uma fragilidade grande no que denominamos rede semântica da Instituição. Entendimentos sobre cultura eram muito variados nos departamentos do SESI espalhados pelo País e precisávamos estruturar um pensamento sistêmico, construir uma visão compartilhada de cultura no SESI. Então, identificamos a necessidade de investir na qualificação de nossos profissionais”.
Mas a resolução de produzir o guia também considerou as pesquisas elaboradas pelo CNI – Confederação Nacional de Indústrias, que apontavam uma perspectiva grande de aumento do investimento em cultura por meio das leis de incentivo. Uma vez que o SESI tem o papel de assessorar empresas por todo o Brasil, o guia tornou-se necessário. “O envolvimento de empresas, gestores, e dirigentes é fundamental para o desenvolvimento do País. Mas é preciso observar o papel da cultura nesse desenvolvimento”, diz Ramalho.
Apesar de ter sido elaborado com o intuito de suprir uma demanda interna, o Guia passou a ser uma referência para gestores e produtores dos setores público e privado, o que ocasionou o rápido esgotamento da tiragem inicial de 5 mil exemplares. “Distribuímos para programas de capacitação de agentes culturais, universidades, institutos culturais e, conforme solicitação, também para outros interessados. Em função dessa grande demanda, resolvemos disponibilizar o conteúdo na internet, o que permite atingir um maior número de pessoas”, afirma Ramalho.
A gerente revela que, por conta de mudanças na legislação vigente, o SESI deve atualizar as informações do guia e produzir um volume 2 da obra, que terá versão impressa e digital. “Nesse volume detalharemos minuciosamente a natureza da elaboração dos projetos. Informaremos, inclusive, sobre direitos autorais, pagamento de taxas, pesquisas, determinadas perícias e vistorias que devem ser feitas”, explica.
Ainda estão previstos para o final deste ano o lançamento de mais manuais centrados na gestão de informação e conhecimento. O primeiro, intitulado Engenharia cultural – marketing cultural para gestores, projetos e estratégias de negociação, trará conceitos e conteúdos sobre cultura e mercado, ciclo de produção cultural, cultura e interface com esporte, turismo, lazer e moda, além de casos de sucesso. O segundo, ainda sem título definido, tratará de gestão cultural e Lei Rouanet, trazendo informações sobre leis, administração de projetos, pesquisa, planejamento e sugestões de bibliografia. Por fim, o terceiro terá como enfoque o marketing cultural para patrocinadores.
Outra iniciativa que merece destaque é a conduzida pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB). A Fundação promove, desde 2007, workshops sobre elaboração de projetos culturais, além de 23 editais para áreas artísticas. “Quando iniciamos os editais, notamos uma carência grande de informações no interior do Estado o que se refletia no resultado: os projetos selecionados eram majoritariamente da capital. Resolvemos , então, criar uma oficina rápida para elaboração de projetos que, inicialmente, iria ao interior do Estado dar subsídios e incentivar a inscrição nos editais. Por ausência de um material de fácil compreensão, que contemplasse todos os itens que cobrávamos nos editais, decidimos criar o nosso próprio manual e distribuí-lo nos workshops”, conta a Diretora de Espaços Culturais da FUNCEB, Giuliana Kauark.
Para produzir o guia, a Fundação utilizou outros manuais sobre o assunto, como o Manual de Apoio à Elaboração de Projetos de Democratização Cultural, elaborado pelo Instituto Votorantim.
O manual da FUNCEB passou a servir de apoio aos workshops realizados em 65 cidades da Bahia, com uma média de 50 participantes por edição. Apesar de o público-alvo ser formado por produtores, artistas e possíveis proponentes de projetos, seja para editais do MinC, da Funceb, ou de empresas, o evento é aberto ao público. Ao se inscrever, gratuitamente, o participante recebe uma cópia do manual. E são, justamente, os participantes que ajudam a atualizar as informações do guia, a cada edição do workshop.
Em 2007 e 2008, o evento foi realizado semestralmente, totalizando 82 oficinas – 67 no interior do Estado e 15 em Salvador. “Capacitamos 2600 pessoas que produziram mais de 300 projetos. E, logo após a primeira edição, observamos que muitos dos projetos inscritos nos editais da FUNCEB vinham do interior do Estado”, afirma a Diretora de Espaços Culturais da FUNCEB.
Segundo a coordenadora de núcleo de formação da FUNCEB, Ana Claudia Ornelas, “a 5ª edição do workshop está prevista para acontecer na segunda quinzena de maio, nas cidades de Itabuna, Juazeiro, Alagoinhas, Feira de Santana, Valença, Vitória da Conquista e Porto Seguro”. Na capital, as oficinas serão sediadas nos centros culturais Cine Teatro Solar Boa Vista, Cine Teatro Lauro de Freitas e Centro Cultural Plataforma.
Confira abaixo manuais disponíveis na rede:
muito bom!
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